Imagem: um mundo melhor é possível
Não sei ao certo o que mais me fascina no mundo do Direito. Se é a possibilidade de lutar por um mundo melhor assegurando que as leis e normas realmente prevaleçam ou se é toda essa utopia (?) de um mundo igualitário, sem preconceitos e tantos outros problemas que assolam o mundo.
Então eu resolvi cursar direito, pois imaginei que nesse curso eu encontraria pessoas com os mesmo ideais que os meus, a mesma vontade de ajudar o próximo, lutando para que ele tenha seu direito reconhecido e lutando para que um dia nós não precisássemos mais lutar por isso, pois as coisas simplesmente seriam como deveriam ser: justas.
Creio que essa tenha sido a minha maior decepção ao entrar no mundo jurídico. De longe, o que menos encontro por aí (pelo menos em relação as pessoas que estudam comigo e com quem, infelizmente, tenho convivido ultimamente). Não nego que isso tenha me tirado um pouco da fé que me restava na humanidade. Sei que essas palavras podem parecer meio duras ou ásperas num primeiro momento, mas cá entro nós (vocês que pensam como eu, óbvio), é a realidade. A cada vez que entro em uma rede social vejo o bombardeio de todos os tipos de mensagens inimagináveis. Não sou uma das pessoas mais religiosas, nem tenho uma religião definida (se é que isso realmente importa), mas vejo tanta gente que se diz religiosa, frequenta sua igreja, lê a bíblia e faz suas orações e ao invés de pregar o amor ao próximo (era isso que Deus/Jesus pregavam, certo?), só sabem pregar o discurso de ódio. E o pior de tudo, é ver que muitas dessas pessoas, são pessoas influentes; seja na televisão, na política ou no fantástico mundo da internet. E me assusta ver a quantidade exorbitante de pessoas que compactuam dos mesmo pensamentos que são por diversas vezes devido a sua ‘crença’ religiosa, falta (e muita) de informação ou simplesmente por não terem uma ‘titica de galinha’ no juízo.
Não sei de onde e nem o motivo de falaram na tal ‘ditadura gay’. Como ousam falar em ditadura gay em um país onde a maioria dos nossos representantes faz parte de uma bancada evangélica que a cada dia, com os seus pensamentos antiquados e preconceituosos, só toma medidas retrógadas em relação a sociedade; onde já se viu proibirem o uso das pílulas do dia seguinte? Do uso do anticoncepcional? Proíbem os métodos contraceptivos, e depois que a mulher engravida e não deseja ter o bebê, condenam o aborto. Sendo que mesmo sendo proibido, é praticado ilegalmente por diversas mulheres que muitas vezes procuram essa alternativa por não terem condições físicas, psicológicas, financeiras ou qualquer outro suporte que precisam em um momento como esse. Se dizem pró-vida, mas são apenas pró-nascimento. Não querem que a mulher aborte, mas o Governo também não dá um suporte digno, educação, saúde, moradia, segurança e outros serviços básicos. Depois a criança cresce em um ambiente completamente desestabilizado, sem uma base familiar e acaba virando um delinquente, desses muitos que essas pessoas vivem dizendo “bandido bom é bandido morto”.
Mas apesar de todas essas pessoas, apesar de tudo que tem acontecido, ainda há esperança. E eu sei disso, quando vejo mulheres e homens lutando a favor do feminismo; pessoas de todos os gêneros lutando pela igualdades dos grupos de minorias como os negros, índios, LGBT, trans, entre outros. É lindo quando vejo essas pessoas enfrentando tudo e todos, ignorando olhares e comentários de reprovação por acreditar numa causa. É simplesmente magnífico quando uma menina já sabe do poder que ela tem e que não deve deixar ninguém no mundo dizer o contrário ou quando um garotinho sabe que não existe essa história de ‘coisas de meninas e coisas de meninos’. Não é uma jornada fácil. É um caminho árduo e que muitas vezes chegamos a pensar em desistir, mas não devemos, pois a nossa missão é conscientizar esse mundo e tentar fazer dele um lugar melhor; não importa se você cursa direito, administração, engenharia ou química. Que você seja homem, mulher, adolescente… O importante é estarmos unidos nessa causa.